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fui apresentada ao trabalho do cineasta dinamarquês jorgen leth há 4 anos, via uma amiga austríaca, com quem trabalho num roteiro. graças ao e-mule, encontrei "the perfect human being", curta-metragem que se tornou um clássico e catapultou leth ao status de referência para a geração seguinte de cineastas escandinavos. especialmente para lars von trier. depois do "ser humano perfeito" vi outras coisas de leth, um documentarista intuitivo, poeta. aqui no rio, na bela tarde outonal de sábado passado, assisti uma palestra do senhor leth que afirmou ser a poesia a base de seu trabalho: "começo a escrever meus poemas e não sei onde eles acabarão. a poesia me leva à dimensão da percepção. assim são meus filmes". poesia é ritmo, métrica, observação, sensação, intuição, descrição econômica, é instigar imagens, percepções, despertar idéias, reflexões. como o enxuto cinema de bresson, de ozu; como a citação "rosebund" em citzen kane, de welles; como o plano-sequência final de passageiro, profissão repórter, de antonioni; como o cinema de kiarostami, só pra citar estes que pularam apressados da minha lembrança.
fui apresentada ao trabalho do cineasta dinamarquês jorgen leth há 4 anos, via uma amiga austríaca, com quem trabalho num roteiro. graças ao e-mule, encontrei "the perfect human being", curta-metragem que se tornou um clássico e catapultou leth ao status de referência para a geração seguinte de cineastas escandinavos. especialmente para lars von trier. depois do "ser humano perfeito" vi outras coisas de leth, um documentarista intuitivo, poeta. aqui no rio, na bela tarde outonal de sábado passado, assisti uma palestra do senhor leth que afirmou ser a poesia a base de seu trabalho: "começo a escrever meus poemas e não sei onde eles acabarão. a poesia me leva à dimensão da percepção. assim são meus filmes". poesia é ritmo, métrica, observação, sensação, intuição, descrição econômica, é instigar imagens, percepções, despertar idéias, reflexões. como o enxuto cinema de bresson, de ozu; como a citação "rosebund" em citzen kane, de welles; como o plano-sequência final de passageiro, profissão repórter, de antonioni; como o cinema de kiarostami, só pra citar estes que pularam apressados da minha lembrança.
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gostei de ouvir o jorgen leth. pois em relação a esta minha incipiente tentativa de fazer cinema sinto-me como ele se sente, fazendo e encarando o fazer cinema com o coração, com a intuição, sem afetações. e precipitando-me nela tocada pelos versos de poetas mil e que marcam o compasso dos meus passos, dos meus frames.
gostei de ouvir o jorgen leth. pois em relação a esta minha incipiente tentativa de fazer cinema sinto-me como ele se sente, fazendo e encarando o fazer cinema com o coração, com a intuição, sem afetações. e precipitando-me nela tocada pelos versos de poetas mil e que marcam o compasso dos meus passos, dos meus frames.
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o cara é muito visceral. não sou de ter ídolos, mas ele é um cara com o qual me identifico.
godard e truffaut: jorgen leth comparou o cinema dos franceses françois truffaut e jean-luc godard para reforçar o universo ao qual pertence sua obra: "sei que muita gente discorda totalmente, mas para mim truffaut é prosa e godard é poesia. prefiro godard".
{ the perfect human being : jorgen leth : dinamarca : 1967 }
long distance editing: isto é algo que me dá calafrios só de pensar. há 25 anos jorgen leth trabalha com a mesma montadora. nos anos 90, no entanto, o cineasta se mudou para o haiti, onde mora desde então. mas não mudou de companheira de trabalho. agora ele filma e envia o material bruto para ela, que monta o filme sozinha, na dinamarca, enquanto leth toma água de côco na praia. ele explica: "ela me conhece bem e sabe do que eu gosto. sabe que gosto de coisas surpreendentes e poéticas, gosto do sentimento de instinto. parece irracional editar assim, mas prefiro a irracionalidade. quando não gosto de uma seqüencia, o que é raro, peço para trocar. é simples".
five obstructions / as cinco obstruções: sobre o filme proposto por lars von trier, uma espécie de making of da refilmagem do clássico the perfect human being com cinco dificuldades de produção tendo como produtor e condutor das dificuldades um lars von trier sádico e cruel, contou leth: "lars é cruel. a gente acha que o conhece, mas não o conhecemos. psicologicamente falando, ele quis matar o pai dele quando sugeriu que eu refilmasse o meu filme com as enlouquecedoras dificuldades de produção. hoje somos grandes amigos". lars von trier cita leth e o filme the perfect human being como suas referências cinematográficas mais importantes. leth é ídolo de von trier e a proposta de ser o produtor deste jogo de dificuldades que quase levou leth a perder a pose diante das câmeras foi, na verdade, uma homenagem ao mestre. uma declaração de amor ao cinema. mais uma expedição aos limites da linguagem cinematográfica, fascínio de von trier. e será ele o produtor do próximo filme de leth.
{ as cinco obstruções : trailer : lars von trier e jorgen leth, dinamarca, 2003 }
cuba: das cinco obstruções impostas por lars von trier, o sádico, a mais dificil, segundo leth, foi a seqüencia filmada em cuba, na qual o diretor só poderia desenhar planos de, no máximo, 12 frames.
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